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Os Perigos da Automedicação e Suas Consequências na Saúde dos Pacientes

Por Marcos Silveira

 

 

A automedicação é a utilização de medicamentos por conta própria ou por indicação de pessoas não habilitadas, para tratamento de doenças cujos sintomas são percebidos pelo paciente, sem a avaliação prévia.

 

Trata-se de um fenômeno crescente no Brasil e em outros países, e é considerado por muitos como forma de complementação ao sistema de saúde. A OMS considera que as medicações que poderão ser utilizadas na automedicação devem ser: eficazes, confiáveis, seguras e de fácil utilização.

 

Muitas medicações que podem ser utilizadas pelos pacientes são de fácil acesso nos balcões das farmácias e até em supermercados, porém não há nenhuma regulamentação sobre orientar o paciente sobre o uso correto das mesmas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem regulado a venda e a propaganda dessas substâncias. Essa propaganda maciça, associada ao uso prévio de alguma medicação, dificuldade e/ou custo de opinião médica e a angústia gerada pelos sintomas levam o paciente a se automedicar.

 

Os principais riscos que devemos observar na automedicação são: alergias, intoxicação, efeitos colaterais e interações medicamentosas. Muitos medicamentos podem gerar alergias e, infelizmente, não temos como detectar isso sem uso prévio da medicação. Essas reações alérgicas podem se apresentar como rash cutâneo, edema palpebral, prurido e, em casos mais graves, como edema de glote ou eritema multiforme (Síndrome de Stevens-Johnson).

 

Duas das principais medicações com maior índice de intoxicação têm relação com a prática otorrinolaringológica: descongestionantes nasais tópicos e sistêmicos. O quadro clínico da intoxicação é de náuseas, vômitos, cefaleia, hiperemia cutânea, sudorese, irritabilidade, aumento da pressão arterial, distúrbios cardíacos como extra-sístoles e outras arritmias podem aparecer.

 

Os efeitos colaterais das medicações utilizadas em automedicação podem ser graves e fatais. Os analgésicos e anti-inflamatórios são muito utilizados pelos pacientes, e podem apresentar geralmente epigastralgia, azia e queimação retroesternal. O uso crônico e abusivo pode levar a quadros de insuficiência renal ou hepática.

 

Muitas substâncias apresentam interação com outras medicações que são de uso crônico do paciente. Os inibidores de bomba prótons – muito utilizados para o tratamento do refluxo faringolaríngeo, apresentam interação importante com medicações anticonvulsivantes. Os medicamentos que contêm descongestionantes nasais não devem ser utilizados em pacientes hipertensos e em pacientes com alterações tireodianas.

 

A automedicação com antibióticos pode levar ao aumento da resistência bacteriana e, em uso prolongado, pode levar a aparecimento de infecções fúngicas. Esse uso vem diminuindo após a obrigatoriedade da receita no momento da compra, mas muitos pacientes acabam utilizando antibiótico prescrito em outra ocasião para tratamento de possível infecção que nem sempre é confirmada.

 

A automedicação está em evidência e vem crescendo com o aumento da dificuldade em acessar o sistema de saúde. Devemos orientar sobre os riscos desta prática e o que ela pode representar, principalmente em pacientes com doenças que demandam o uso crônico de medicações.

 

 

 

 

 

Marcos Cunha da Silveira é médico formado pela Emescam (Escola de medicina da Santa Casa de Misericordia de Vitoria ), com residência médica em Otorrinolaringologia e Cirúrgia de Cabeça e Pescoço no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo –IAMSPE. Mestrado em Otorrinolaringologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – IAMSPE. Pós graduação em Medicina do Sono pela Escola Paulista de Medicina.

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