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04.05.2015

Compaixão Social

 

 

Compaixão é a capacidade de sentir a dor do outro. Todos os seres humanos têm essa capacidade, pois ela não se dá apenas a partir de valores éticos, mas no processo de cognição humana. É possível ignorar a dor do outro, mas não é possível anular o sentimento de que foi, de alguma maneira, tocado com a dor do outro.

 

Assim como somos capazes de sentir compaixão pelo outro, deveríamos ser capazes de sentir compaixão social.

 

Em relação à compaixão interpessoal, somos despertados quando vemos noticiário onde há, por exemplo, crianças envolvidas. Sentimos compaixão quando sabemos que alguém foi assaltado e levaram o carro da família. Já a compaixão social não é tão mensurável assim.

 

Há uma concepção de que não é preciso ter compaixão com quem não tem emprego ou não pode fazer no mínimo três refeições ao dia. Há uma dificuldade em atender as necessidades básicas de uma família onde a miséria faz parte do seu cotidiano.

 

Por que somos capazes de nutrir compaixão na relação pessoal e, ao mesmo tempo, nem todos, é claro, serem insensíveis às necessidades do outro quando o plano da discussão se dá no econômico?

 

Fomos doutrinados pela “utopia” do livre mercado. Há uma postura ativa para desenvolver a insensibilidade social frente aos sofrimentos dos menos competitivos, dos pobres e excluídos do mercado, como um fator necessário para a modernização e o progresso econômico.

 

A lógica por trás dessa insensibilidade social é simples. O economista, ganhador do Prêmio Nobel em Economia em 1974, Friedrich Hayer, considerado um proeminente articulador do neoliberalismo, entendia as coisas assim: tendo como pressuposto a complexidade do mercado, não é possível conhecê-lo perfeitamente. Assim, qualquer tentativa em solucionar problemas sociais é uma intervenção na economia. Como o mercado não pode ser conhecido de modo suficiente, essa intervenção prejudica o mercado que precisa ser livre. Quando o mercado está ineficiente, gera crise econômica e crise econômica, conseqüentemente, gera crises sociais e mais problemas para os mais pobres. Dessa forma, a causa do aumento da pobreza e dos problemas sociais seria a tentativa de solucionar conscientemente os problemas sociais. O mais sensato é não procurar intervir com Políticas Públicas Sociais.

 

Uma vez o mercado tendo uma “mão invisível”, qualquer iniciativa em amenizar ou encurtar a pobreza através do Estado, é prejudicial ao sistema de livre mercado. A sensibilidade social, segundo os neoliberais, que funciona, não é aquela que é resultado de planos e ações organizados pela sociedade e o Estado, mas, sim, aquela produzida pela dinâmica do mercado.

 

Há no país duas posturas reconhecidamente claras. Um discurso neoliberal, onde os recursos do Estado não poderia, necessariamente, serem direcionados para programas sociais, uma vez que tais programas acomodam pessoas e a atividade econômica não é satisfatória. Quem assim articula, pensa que o Estado está fazendo mais mal do que bem providenciando recursos para os mais pobres. Frases como “É preciso ensinar a pescar e não dá o peixe” funcionam como “chavão” nesse caso. Por outro lado, há uma iniciativa e, igualmente, um discurso, onde não é possível deixar que o livre mercado dê conta de famílias que estão empobrecidas. Essa discussão está no campo político e o Congresso Nacional representa bem essa polaridade. É preciso desenvolver a compaixão social.

 

O que é visível e mensurável é o atual sistema econômico vigente que continua produzindo suas vítimas que são sacrificadas em nome do livre mercado. É preciso ter compaixão social, sentir a dor do outro. Se deixar por conta do sistema econômico com o seu livre mercado, não apenas a mão será invisível (expressão de Adam Smith), como o ser humano também continuará invisível em suas necessidades.

 

 

 

 

Pastor Alonso S. Gonçalves – Pastor da Igreja Batista Central em Pariquera-Açu/SP

 

 

 

 

Fonte: www.batistas.com

 

 

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