03.06.2015
O mês de maio sempre é lembrado por ser o Mês da Família. Inclusive, no dia 15 comemora-se o Dia Internacional da Família, instituído em 1993, após deliberação da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o dicionário Aurélio, “Família é o conjunto de todos os parentes de uma pessoa e, principalmente, dos que moram com ela. É também o conjunto de pessoas que têm um ancestral comum”. Contudo, na prática, fazer parte de uma família implica muitas outras definições, principalmente quando alguns laços são desfeitos.
São muitas as feridas, cicatrizes e frustrações que vão existir dentro de um seio familiar. É inevitável, pois cada ser humano é dotado de um tipo de personalidade, vontades, gostos, sonhos. Entretanto, ser família é manter a aliança, o vínculo, o amor, a alegria e o companheirismo, apesar de tudo isso. Ter uma ligação de sangue ou de amor com alguém vai além da obrigatoriedade da convivência, é uma decisão diária. Mas, e quando a decisão acontece sem a sua interferência? E quando decidem por você e quem faz parte da sua família não volta para casa? Cada um sabe a dor que carrega, mas, na minha experiência, esse é o pior rompimento de laço, quando você não escolheu desatar o nó, e mesmo assim ele se desfez.
Há cinco anos um dos laços da minha família se rompeu, quando “perdemos” o cabeça do lar, o meu pai. Não foi um desejo nosso, foi a vontade de Deus, o Pai Soberano. Desde esse dia aprendi muitas lições e já vivi muitas coisas, e que testemunho algumas através deste editorial.
A primeira lição que aprendi foi que quando um laço se desfaz, outros são construídos. Não é porque não existe mais a presença de um dos familiares, que deixamos de ser família. Aprendi de forma prática com minha mãe que quando a força de um vai embora, unimos as forças que sobraram a fim de seguir em frente. Eu e minha irmã unimos os nossos laços de amor, sonhos e esperança com o laço da minha mãe de garra, coragem, força e determinação.
Na época, lembro-me que o meu sonho era cursar a faculdade de jornalismo e, graças a Deus, meu pai pôde presenciar essa escolha. Vale abrir um parêntese para um comentário: quando ele ainda estava internado e, segundo os médicos, sem condições de raciocínio e sem memória, ele me ligou e disse a seguinte frase: “Filha, não se preocupe, faz a prova, você vai passar para a faculdade”. Contudo, após o ocorrido, vi meu sonho indo embora após ter sido reprovada no vestibular das Universidades Públicas. Devido às necessidades financeiras que precisavam ser supridas, não havia possibilidade da minha mãe arcar com uma Universidade particular, mesmo, no meu egoísmo, tendo insistido tanto. Hoje me arrependo amargamente das vezes que fiz esse pedido a ela, imagino como ele se sentiu impotente e sofreu por não poder atender ao pedido.
Alguns meses se passaram e eu continuava orando e chorando aos pés da Cruz para entender porque tudo aquilo estava acontecendo comigo. Até que um dia eu fui bem sincera com Deus e orei: “Poxa Deus, justo comigo?! Por que comigo, que sempre me dediquei a Obra do Senhor, sempre fui tão fiel? Por que, além de tirar o meu pai, o Senhor ainda quer levar embora o meu sonho de ser jornalista? Acho que o Senhor deixou de amar-me”. Que tolice a minha! Foi aí que aprendi a segunda lição, que vem recheada de outros aprendizados: 1) - Deus não nos ama pelo que somos ou fazemos. Não existe nada que possamos fazer ou deixar de fazer que mude o Seu amor por nós. Ele simplesmente nos ama e ponto. Essa é a essência do Criador; 2) – Deus não mente, quando Ele diz que faz muito mais do que pedimos ou pensamos é porque Ele realmente faz. Porém, há um tempo exato para que tudo aconteça. Ele sabe o momento certo, porque, além de ver o que está depois da curva, Ele conhece as intenções do nosso coração; 3) – Podemos questionar a Deus, Ele não vai nos castigar por isso, Ele deseja que sejamos sinceros. Entretanto, não devemos questionar com um “Por quê”, mas com um “Para quê”, afinal, Deus não joga dados, tudo tem um propósito.
Alguns meses após tudo isso surgiu a oportunidade de uma bolsa para uma das Universidades. Eu já não queria mais pensar a respeito, estava com muito medo de criar expectativas. Mas, devido as insistências e uma voz que dentro de mim dizia “Tente outra vez”, eu fui em frente, fiz a prova. Seis meses depois eu recebi um e-mail, totalmente inesperado, que trouxe uma das notícias mais felizes da minha vida: fui aprovada com bolsa integral para cursar jornalismo.
Enfim, a terceira lição que aprendi: 1) - Deus é surpreendente sempre, basta deixarmos o controle de tudo nas mãos dEle e fazermos a nossa parte. Afinal, oração se divide no orar e na ação; 2) – Deus é fiel e continuaria sendo mesmo que eu não recebesse a bolsa. Deus é Pai, Ele às vezes precisa dizer “não” ou “espere” para os seus filhos, o que não significa que Ele não ame, mas que Ele cuida.
Contei esse testemunho para enfatizar que você valorize cada membro da sua família. Cada um é e tem um papel único na sua vida. Mesmo que aquele que você mais ame te despreze, esteja longe de casa ou longe dos caminhos do Senhor, não perca as esperanças. Continue sonhando, amando e orando. Suas orações estão sendo ouvidas e serão atendidas no tempo certo. Continue confiando nesse Deus que ama, cuida, abraça e reserva lindas surpresas para a sua família. Esteja integralmente submisso a Cristo, pois Ele vai honrar cada lágrima que você chorou junto com a sua família!
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